domingo, 20 de setembro de 2009

Exposição no Deops - SP - 30 anos da Lei da Anistia

Exposição no antigo Deops mostra luta política na ditadura

No ano em que se comemora os 30 anos da Lei da Anistia, Memorial da Resistência relembra anos de chumbo



Carolina Spillari, do estadão.com.br


SÃO PAULO - Até 18 de outubro, o Memorial da Resistência, no antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Deops), na região central de São Paulo, expõe a mostra "A luta pela Anistia - 1964 - ?". A interrogação representa três lacunas que ainda persistem, passados 30 anos da anistia política: os arquivos da ditadura ainda não foram abertos, os corpos de ex-presos e perseguidos políticos continuam na obscuridade, sem identificação e sem serem devolvidos às famílias e, ao contrário de Argentina e Chile, não houve punição dos responsáveis por torturas, prisões não autorizadas, sequestros, assassinatos, ocultação de cadáveres, entre outros crimes.

As reflexões, com fotografias, textos e até celas (na exposição permanente do Memorial da Resistência) reconstituídas tal como eram no período, relembram a anistia, marcada por um acordo que pôs fim às perseguições políticas e ao cerceamento da liberdade.

Na mostra, podem ser vistos materiais de imprensa como jornais, folhetos, cartazes, cartilhas, livros, fotos e documentos gerados pelos órgãos de repressão política que mostram como se deu a perseguição a todo cidadão que insinuasse algum tipo de ameaça àquele regime.

A seleção dos materiais foi feita pelo curador da mostra, o jornalista e ex-preso político, Alipio Freire. De acordo com ele, apesar de passados 24 anos que a ditadura acabou, com a eleição do primeiro presidente civil, o Brasil ainda hoje não conta com uma democracia legítima, já que sem a abertura de todos os arquivos da ditadura, a entrega de todos os corpos de desaparecidos e a punição dos responsáveis, a sociedade ainda continua respaldando uma era em que o uso da força foi a prática mais comum.

Durante os cinco anos em que esteve preso em presídios como o Tiradentes e o Carandiru, ambos extintos, o próprio Deops, e DOI-Codi na Rua Tutóia, Freire sofreu todo o tipo de tortura. Além disso, havia aqueles torturadores que sentiam prazer e eram estimulados pelos superiores a usar técnicas de tortura. "As atrocidades continuam sendo praticadas, só nos resta lutar por um mundo mais justo e humano", diz, em referência ao fato de os presos comuns continuarem sendo torturados nas prisões brasileiras.

O poder dado a cada militar, irrestritamente, pode ter ocasionado o enfraquecimento do regime, afirma o professor de Ética da USP, Renato Janine Ribeiro. "O Jornalista Elio Gaspari, autor de uma série de livros sobre o regime, defende a tese da anarquia militar, na qual cada torturador, sargento ou coronel fazia o que queria", diz. Com isso, o controle do poder central sobre esses grupos ficava fragilizado. "Cada um interpretava do seu jeito. Ninguém prestava contas dos seus atos", reforça. Desaparecer com um desafeto era o mais comum.

Celas reconstituídas

O período militar também pode ser conhecido ou relembrado na mostra permanente do Memorial da Resistência. O prédio, hoje reformado, que foi construído por Ramos de Azevedo, inaugurado em 1914, abrigou o antigo Deops, reformado na década de 90. Com as modificações na construção, as condições em que os presos eram mantidos não podem ser conhecidas em sua totalidade.

Para aproximar o visitante à realidade do período militar, uma das celas reproduz o espaço físico tal como foi na época. O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe) e ex-preso político, Ivan Seixas, conta que a peça foi reformada para retratar ao máximo o cárcere original, já que as condições originais do edifício não foram preservadas, a fim de manter a história do local. Uma maquete do antigo prédio no Memorial mostra como os espaços foram modificados.

Ivan foi preso aos 16 anos e permaneceu 6 anos detido, sem existir legalmente na relação dos presos. O pai, Joaquim Seixas, operário e membro do Movimento Revolucionário Tiradentes, foi morto ao ser torturado. "Vivíamos um período que vigoravam três leis em que qualquer cidadão podia ser enquadrado: a de greve, de imprensa e a eleitoral", relembra.

Na linha do tempo - um espaço do Memorial que já abrigou celas - constam os principais acontecimentos do século XX e começo do XXI. Lá é possível observar as datas e as propostas dos Atos Institucionais que começaram a ditar o tom militar, a começar pelo primeiro - que previa eleições indiretas, suspensão de funcionamento de estabelecimentos públicos e imunidade parlamentar - e culminou com o número cinco - o AI-5, de 1968, que suspendeu as garantias constitucionais e foi considerado o maior ato repressivo do governo da época, dirigido pelo general Garrastazu Médici.

Recursos audiovisuais também são utilizados para reavivar a memória dos que viveram à época, e mostrar aos que não viveram um pouco da coerção pela força praticada pelo regime.

A exposição custa R$ 6 e R$ 3 para estudantes. A entrada é gratuita a grupos escolares. O agendamento de visita é feito pelo (011) 3324-0943 e 3324-0944. Para aproximar os alunos daquela realidade os monitores criam hipóteses e situações para os estudantes entenderem como se dava a limitação de ação e comunicação dos perseguidos. De sábado a entrada é gratuita para todos. O horário de funcionamento é das (10h às 17h30), de terça-feira a domingo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Velho/Novo Tempo








Tempo, tempo, tempo mano velho...

Nas últimas semanas busco de forma hércula, relacionar e ponderar uma complexidade de sentimentos e perspectivas que não fazia parte da minha experiência de vida.

Nos últimos dias constuí uma série de formaluções que me consolidaram até o dia de hoje, e que sempre fizeram parta da minha experiência de vida.

Nas últimas horas...Nos últimos segundos...Nas últimas linhas escritas, tudo se transforma em frações de pensamentos rápidos, as vezes sem dimensão alguma, em alguns instantes de uma profundidade que me assusta.

Inaugurei uma nova etapa, cheia de velhos desafios, estarei partindo para uma instituição pública federal..."um monte de gente vai até lá ter comigo..."

Remeti a mensagem que segue, para alguns contatos e publico aqui para o resgistro pessoal/virtural/proposital...Intervindo de um velho tempo, destinado ao novo tempo.

Caros e caras amigos/as (da Digna e os que estão em Cco...quem receber sabe que estou falando diretamente com cada um/a...rs).

Gostaria de compartilhar com vocês a felicidade imensa que informo a minha nova morada de trabalho (desafios, alegrias, dificuldades e novas demandas) na UFPB, especificamente no Centro de Ciências Jurídicas - Campus de Santa Rita.

Pois é...depois de tantas dúvidas, caminhadas, de levar e dar muito murro em(de) ponta de prego da vida, aporto todas as experiências que vivenciei e aberto para vivenciá-las novamente em outras perspectivas e acrescentar mais outras a minha formação.

Vocês sabem e cobram até mais do que eu...rs...De que minha formação provém de perspectiva de uma identidade coletiva e não apenas de um sucesso pessoal, acredito que finalmente depois de uns 12 anos errantes e acertantes também..rs..Pouso em terras paraibanas com o intuito de criar mais raízes, e ajudar a esse estado, cidade, universidade,centro, prof.s, alunos/as, movimentos e pessoas que me acolheram com muita amizade e trocas de conhecimento durante essas minhas idas e vindas de tantos lugares.

Agradeço a todos/as e como um trem ( ói é o trem...) digo que seguirei Raul - não pare na pista, é muito cedo para você se acomodar - e essa notícia não é uma despedida de nada, mas sim mais um enlace, mais uma ponte, mais uma responsabilidade em chegar a um local onde até pouco tempo atrás sequer eu cogitava, como também a menos de 10-20 anos, vários não conseguiram chegar e outros lutam diariamente buscando essa chance...e que responsabilidade minha não? Local contraditório como todo processo da vida e dos sentimentos...Vamos em frente.

Consequências...várias, perspectivas...sempre, desejos...aflorados, mente...espero que resitente e sempre na pisada da ciranda de criança, onde a lucidez e a ludicidade se encontram suportando as dores/conquistas de ontem, hoje e amanhã.

A posse formal será na segunda-feira, hoje (sexta-feira) cumpri todo rito burocrático, a festa ou festas, a gente vai se encontrando e comemorando cada dia. Quem sabe daqui para o final do ano um dia de sábado com sol, cerveja e alegria.

Abraços/Xeros
cada um que está recebendo essa mensagem e outros que não vão receber por falta de intimidade, por não ter contato na net ou por não viver aqui entre os mortais saibam que fazem de mim e estão comigo...fiquem certos que irei aperriar vocês também, já que estão comigo..rs.
Edu.