segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Proposta de brindes na esquina



E foi assim...
Terminamos mais uma etapa.
Como tantas outras, não foi uma conquista pessoal, mas coletiva.
Gostaria de agradecer a todos e a todas as pessoas que fazem parte dessa caminhada.
Todas aquelas que nos últimos 31 anos constituíram de alguma forma a pessoa que aqui escreve.
Especialmente agradeço a paciência de todos/as que estiveram comigo naquela tarde de setembro, em uma salinha apertada, barulhenta e as vezes quente, desconfortável e tão cheia de idéias e ideais, pois é, foi ali mesmo, onde durante um ano assisti aulas, compartilhei pensamentos, desenhei mundos, desconstituí preconcepções, aprendi mais do que está em um papel impresso, fiquei animado, fiquei entediado, fiquei surpreso, fiquei por insistência histórica, pois tinha horas que eu não entendia o porque ficar...
Algumas pessoas como Dominici, Bruno, Gustavo,João, Diego, Amanda, Hugo, Léo, Daniel, Marquinhos e outros que passaram por lá, compartilharam algumas horas do que vivi e vivo no cotidiano, buscando comprovar idéias, surtar com outras, dialogar com saberes, defender causas que para muitos são impossíveis, o desafio de tornar lúdico o que é norma, e de tornar história o que não quer ser visto como tal, ao mesmo tempo ser chato, cansativo, circular e pendular...
Outras pessoas merecem também o carinho pelas mensagens de apoio que encaminharam, pela preocupação e animação em torno deste momento, outras que não responderam também fazem parte disso, listas, áreas temáticas, amigos/as de outras datas, questões e palavras, mas que tenho a mesma animação ao recordar, falar, compartilhar e saudar.
Agradeço a atenção crítica-propositiva dos professores da banca - Luciano Oliveira, Maria Luiza, Rosa Godoy e Élio Flores. Também daqueles que em algum momento compatilharam saberes e seus olhares sobre a temática, principalmente os professores Eduardo Rabenhorst e Giuseppe Tosi.
Aos/as amigos/as do mestrado, sempre criativos, propositivos, investigativos e leais como Betinho, Lúcio, Fábio,Micheline e Glauco.
Aos amigos de aperrios e vitórias pessoais, Tito, Ricardo, Rodolfo, Bruno Bó, Deco, Saulinho, Kaká e outros que vibram com os passos e maluquices que nos envolvemos na vida.
Aos quilombolas de Conceição amigos/as que foram constituindo esse trabalho com sua luta, resistência e ponderações, principalmente Martinho, Cida, Tuta, Valdeci, Márcia, Rosinha, João Alfredo, Elson, e Givânia não apenas pela entrevista e aperrios, mas pela sua força que move tantos outros.
Aos professores Gustavo Batista e Aécio Bandeira, pelo estágio de docência e convite para dar aulas na FIS, impulso final para mergulhar na docência.
A Taty pelo amor, dedicação, paciência e compreensão pelos altos e baixos que passei nos últimos meses e anos. Pelo carinho e atenção das suas irmãs, de suas tias, minha sogrinha e sogrão.Atençaõ dada pela minha Tia Tiêta e minha prima Camila que sempre enviam aquela força e acompanham os caminhos que vou seguindo. A minha irmã - louca dos teclados..rs.
Enfim...Um grande brinde...Com a mão divina aí da foto - que peguei em algum lugar e não lembro agora - saibam que tem um pouco de todos nesse trabalho e na minha vida.
inté breve
xeros
edu

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lá na Esquina da Gal. Osório dia 19;09 às 15:00


Ficou pequeno para visualizar, então melhor salvar e ampliar.

Convite-anúncio da banca de mestrado.

Agostinha - Por três léguas em quadra : A temática quilombola na perspectiva global-local.












A obra é linha mestra,
do mestre que não existe sem a obra,
a obra só se desdobra,
pois nela existem mestres da vida,
visto que se o mestre se isola ,
da obra só sobra papel e tinta.

E quem te convoca,
espera mais dessa vida quilombola,
de força, raça e agonias.
Agora o mestre se cala,
a obra do mestre se aparta,
para dar voz a quem das lutas se renova.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Abraços - Eduardo Galeano em várias Esquinas


Sempre vi " O livro dos abraços" para vender em bancas de jornais, livrarias, postos de gasolina e sebos, mas pensava : Compro depois!
Semana passada em mais uma das pontes viárias, na espera da conexão Recife - Serra Talhada, com a bolsa abarrotada de livro de Direito Civil, e sem vontade de ler nenhum deles, parei na lojinha que vende quase-tudo(chaveiros, doces, camisetas, jornais, sucos e livros) comprei o danado (R$12,00).
Na conta de alguém que gosta de tomar uma(s) cervejinha(s) no final de semana, pesa um pouco, na conta de quem está interessado em conhecer um pouco mais tudo que nos cerca, a partir de situações do cotidiano, a leitura do " livro dos abraços" podemos cogitar que ler o livro, é tomar várias cervejinhas com Galeano (uma boa companhia).

A impressão que fica após a primeira leitura, ou cervejinha é : Putz...O cara é demais.
Depois da segunda leitura e outras cervejas, urge: Putz...Qualquer pessoa poderia fazer um livro assim.
Por fim, na hora de pagar a conta, alguns litros consumidos e a repetição quase que viciante de ler mais uma vez cada passagem , o sentimento que se expressa : PQP...A simplicidade é coisa para gênio.

E saímos junto com Galeano, trôpegos pelas ruas e pensamentos, rindo à toa e no devaneio circunstancial da embriagues, torcendo para que a noite não acabe com aquele abraço bem consolidado e a impressão de que não nos veremos mais.

"A BELEZA E A EMOÇÃO DOS ´PEQUENOS´MOMENTOS" .
Reproduzo alguns trechos que significantes para mim:

A PAIXÃO DE DIZER/2
Esse homem, ou mulher, está grávido de muita gente. Gente que sai por seus poros. Assim mostram, em figuras de barro, os índios do Novo México: o narrador, o que conta a memória coletiva, está todo brotado de pessoinhas.

DIZEM AS PARADES/2
Em Buenos Aires, na ponte da Boca : Todos prometem e ninguém cumpre. Vote em ninguém. Em Caracas, em tempos de crise, na entrada de um dos bairros mais pobres: Bem-vinda, classe média.
Em Bogotá, pertinho da Universidade Nacional : Deus vive. Embaixo, com outras letras: Só por um milagre.
E também em Bogotá: Proletários de todos os países, uni-vos! Embaixo com outra letra: (Último aviso.)

A DESMEMÓRIA/2

O medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos reduz à impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete que possa ocultar a sujeira da memória.

A TELEVISÃO/ 3

A tevê dispara imagens que reproduzem o sistema e as vozes que lhe fazem eco; e não há canto do mundo que ela não alcance. O planeta inteiro é um vasto subúrbio de Dallas. Nós comemos emoções importadas como se fossem salsichas em lata, enquanto os jovens filhos da televisão, treinados para contemplar a vida em vez de fazê-lo, sacodem os ombros.
Na América Latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou em jornais de escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia: os preços já os proíbem.

A MORTE

Nem dez pessoas iam aos últimos recitais do poeta espanhol Blas de Otero. Mas quando Blas de Otero morreu, muitos milhares de pessoas foram à homenagem fúnebre feita numa arena de touros em Madri. Ele não ficou sabendo.

CHORAR

Foi na selva, na Amazônia equatoriana. Os índios shuar estavam chorando a avó moribunda. Choravam sentados, na margem de sua agonia. Uma pessoa, vinda de outros mundos, perguntou: - Por que choram na frente dela, se ela ainda está viva?
E os que choravam responderam:
- Para que ela saiba que gostamos muito dela.

EU, MUTILADO CAPILAR

Os barbeiros me humilham cobrando meia tarifa.
Faz uns vinte anos que o espelho delatou os primeiros clarões debaixo da melena frondosa.
Hoje o luminoso reflexo de minha calva em vitrines e janelas e janelinhas me provoca estremecimento de horror.
Cada fio de cabelo que perco, cada um dos últimos cabelos, é um companheiro que tomba, e que antes de tombar teve nome ou pelo menos número.
A frase de um amigo piedoso me consola : - Se cabelo fosse importante, estaria dentro da cabeça, e não fora.
Também me consolo comprovando que em todos esses anos caíram muitos dos meus cabelos mas nenhuma das minhas idéias, o que acaba sendo uma alegria quando a gente pensa em todos esses arrependidos que andam por aí.

CELEBRAÇÃO DA AMIZADE / 1

Nos subúrbios de Havana, chamam amigo de minha terra ou meu sangue.
Em Caracas, o amigo é minha pada ou minha chave: pada, por causa de padaria, a fonte do bom pão para as fomes da alma; e chave por causa de...
- Chave, por causa de chave - me conta Mario Benedetti.
E me conta que quando morava em Buenos Aires, nos tempos do horror, ele usava cinco chaves alheias em seu chaveiro: cinco chaves, de cinco casas, de cinco amigos: as chaves que o salvaram.