quarta-feira, 26 de março de 2008

Uma nova esquina aglomerada ali do lado.

Andressa me indicou o sítio desse artista(Javier), os dois juntos tem uma filha linda( Luiza), conhecia outros trabalhos dele, em um outro site(também repassado pela Andressa faz alguns anos), no qual o artista se dedicava a utilizar suas técnicas de pintura para trabalhos sociais com crianças na Cidade do México.
Tem dias nos quais lembro do trabalho que fiz sobre Teologia da Libertação e da importância do México para essas reflexões. Olho a tela, vejo esquinas, ladeiras, pensamentos, recordo da entrevista com Padre Comblin e suas andanças pela América Latina discutindo e enfatizando a opção pelos pobres, ainda trago algo da leitura do livro "Filosofia da Libertação-crítica à ideologia da exclusão". E não por acaso, que essa citação, título do livro de Enrique Dussel, autor que despertou em mim, um refinamento para compreender a contradição da universalidade filosófica européia e as novas pretensões na A.Latina de uma convergência Sul-Sul.Desde então venho às vezes tentando expandir minhas reflexões nesse sentido(a filosofia não é muito minha área de conhecimento, mas gosto de arriscar de quando em vez), principalmente através das leituras relacionadas aos Direitos Humanos.
Deixo aqui, um cadinho do E.D.: '...A filosofia da libertação é um contradiscurso, é uma filosofia crítica que nasce na periferia, mas tem pretensões de âmbito mundial. Ela tem consciência expressa de ser periférica, mas possui,ao mesmo tempo, pretensões de âmbito mundial. Ela enfrenta conscientemente uma filosofia européia (tanto pós-moderna como a moderna, tanto a do comportamento como a comunitária) que confunde e até mesmo identifica sua característica européia concreta com o seu ignorado caráter funcional de " filosofia central" durante cinco séculos".
Tela San Miguel II http://www.javiergarciabarrera.com - entrar no link español.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Idadesquina

Guimarães Rosa escreveu que :" o real não está na saída nem na chegada:ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".
A cada ano que vejo passando diante dos meus olhos, sussurrados nos meus ouvidos, falados pela minha boca e escrito pelas minhas mãos, reflito pela minha mente se as opções, escolhas e esquinas que segui realmente levam para algum caminho, ou se o real está apenas na travessia, no percurso.
Quando era mais novo, achava que tudo estava na saída, ali na fonte,na raiz ou nascimento. Dos pontos de partida a coerência não estabelecida pelos caminhos e os resultados não conquistados na chegada trouxeram difusões abruptas, nem sempre me levaram para novas esquinas mais calmas ou tumultuadas, com o tempo vi que eram só esquinas.
Em um determinado período cogitei e como sempre duvidei de que as realizações finais, resultados, pontos de chegada eram o norte/sul das caminhadas, nunca utilizei a máxima de que os fins justificam os meios,mas em algumas situações na vida real, tal relação era imposta, seja pela conjuntura, por divergências insuperáveis e até mesmo por começar a perceber que eram tantas as linhas de chegada, que se transformavam novamente em pontos de partida, ou seja, novas esquinas.
Atualmente em uma fase tão complexa quanto as demais, de decisões múltiplas por metro quadrado, de tantos novos portos de saída, de novas relações e reações apreendidas, percebo, mas não concluo de que o senso relacionados com as as esquinas de partida e de chegada se inter-relacionam com a travessia que foi caminhada, e a que se caminha.
Tento conciliar com minha pouca idade vivida e na transição para um novo ano, de que por mais espalhada que estejam as possibilidade de se começar, que pelo menos se tenha a coragem de andar. Por mais nebuloso que seja o ponto de chegada, que se chegue, mesmo que se tenha de retornar e andar por outros desvios.
Se a realidade está na travessia, não se esqueça de sonhar em várias dimensões, sob o risco de que a comodidade do ponto de que se olha, fala e escuta não seja uma maneira estúpida de não tentar ou impedir que outras pessoas iniciem sua jornada.
Xeros, Taty te amo...Bom Aniversário para a gente.
Ah, se eu não fosse peixes ao quadrado, gostaria de ter dito a frase :Nunca brinque com um Peixes ascendente em escorpião!!!

domingo, 9 de março de 2008

Sentado na esquina


C.C. um dos primeiros e últimos gênios do cinema, amado, odiado, criticado, venerado, reproduzido, copiado, plagiado, vulgarizado, estigmatizado, esse homem transformou nossos anseios e dramas, particulares ou sociais em momentos de arte. Na minha vida, C.C. entrou através de uma foto que eu teimava em tentar copiar, cheguei a desenhar o rosto de C.C. por centenas de vezes, até mesmo colocando-o em uma pedaço de vidro, este ficava colado em um espelho. Quando acorda pela manhã me olhava naquele espelho e me sentia um pouco " Carlitos", o espelho/quadro/vidro quebrou durante uma partida de futebol dentro do quarto (coisa de quem morou muitos anos em apartamento e jogava bola contra a parede para delírio de uma torcida imaginária), minha habilidade em desenhar ficou suspensa ou perdida em um passado próximo, meu interesse por seus filmes ainda é instigante. Semana passada ao assistir o Grande Ditador pela décima vez, pensei como seria bom um C.C. em nossos Tempos "modernos". A leveza com qual trata a crueldade da sociedade e suas relações de poder ainda não encontraram um desfecho, C.C. ainda continua sentado em alguma esquina, observando suas obras e a atualidade de suas críticas. Como diz Habermas visualizando " as chagas ocultas", que não se apresentam tão invisíveis,a marginalização social e a exclusão social golpeiam nossas faces diariamente, nossa capacidade de reação em alguns instantes parece tardia, desarticulada e sectária. "Nossos sonhos são os mesmo há muito tempo, mas não há mais muito tempo para sonhar..."
Ps. Infelizmente só podendo colaborar com a esquina uma vez por semana.As outras esquinas que não tenho deixado um recado de quando em vez...Desculpem mais uma vez...rs.

sábado, 1 de março de 2008

Nas esquinas só o sabão é neutro.


O fato é que após alguns anos de tanto lavar pratos, talheres e copos, aparentemente desenvolvi uma alergia aos detergentes, porém para minha alegria e continuidade da gestão da cozinha, parece que o problema não atinge quando utilizo o líquido neutro, e pensando nisso, gostaria de complementar a chamada da esquina dessa semana com essa reflexão, não existe neutralidade nos campos e atitudes que tomamos, existem valores, reflexões, fatores, ações, princípios e consequências.
Temos lados...e lado a lado constituímos nossas dimensões e oposições, somos ao mesmo tempo matriz, vetor, meridianos de nós mesmos e de tudo que nos cerca internamente e complementa-se com nossas referências exteriores. Só o sabão no meu caso específico pode ser neutro. Florestan Fernandes, ao considerar o trabalho científico na sua constituição e contribuição para o desenvolvimento da sociedade brasileira considerou que : " Não há neutralidade possível diante de tal realidade. Pode-se, como parte do treino científico,aprender-se a ser objetivo. Contudo, se a ciência nos conduzisse à indiferença diante dos valores fundamentais da civilização, das manifestações violentas ou pacíficas do etnocentrismo e do preconceito racial, ou dos efeitos de qualquer tipo de discriminação, ela não mereceria ser cultivada nem poderia fornecer a única via, que ainda nos resta, para a reconstrução das bases morais da vida humana em nossa era". E apôi, né isso F.F.!