quarta-feira, 23 de julho de 2008

Esquinou-se de vez.



E saiu de casa com o ar esbaforido,

Dobrou a esquina em vários pedaços,
Leu a mão da cigana que assustada sorria,
Olhou para os postes e contrastes,
Aquietou seu celular vibrante,
Jogou seus contatos no bueiro.

E rompeu em um choro chorinho,
Ritmo e som de batucada,
Espetou o resto do seu dinheiro no churrasquinho,
Acreditou ser eterna a ressaca,
Criou um soneto cantado,
Versou sobre o bairro em estado de graça.

E mais perto do alvo do que do tiro,
Disparou nas galerias das inovações.
Olhou assustado do lado,
Secou lentamente o rosto,
Dos rastros escorridos do batom
Pensou atordoado: É tudo invenção!

E tardeou qual a balburdia de criança,
A cidade respirava em tom de ameaça,
Construiu com um lenço suado as primeiras palavras,
Rimou autenticidade com autoridade estatal,
Das esquinas amassadas entrou na contra-mão.
Pulou e não se aquietou nunca mais.

E abriu a porta da rua,
Entrou nas frestas dos mundos.
Sentou sobre a mesa e leu sobre si no jornal,
Na página 07 encontrou uma moça que fazia programas,
Mas agora é da Igreja Universal,
Guardou os cílios postiços e riu...como riram.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Sem foto - sem rastros...Apenas abusando das palavras

E eu estava sentado, olhando as vidas que aguardavam as intenções se dissiparem, a falta de originalidade ganhava repentinamente da vertigem. Do outro lado do muro, crianças resmungavam pedidos repetitivos de presentes (e) passados.

Na sala da aula a cada novo anúncio de vanguarda, surgiam em meus devaneios os/as poetas. E eu comemorava sentado com pequenos sorrisos e leves comentários publicáveis.

No corredor um grupo maior, formado em sua essência por atores e escreventes, ou seja, acadêmicos, perfilavam fórmulas absolvidas com fé e razão, continuavam satisfeitos, tal era a repetição de atos, pensamentos e lamentos.

Considerei um tempo que para dar densidade aos sentidos da vida através da ratificação de um pensamento o meio mais confortante seria repeti-lo até a exaustão. Considerava, mas não aplicava tanto, visto que, o martírio posto diante de quem por ações concretas atinge resultados diferenciados do que pretendido não necessariamente conduz à incoerência, obtusa são as tentativas e experiências, porém me condicionava a reboque dos julgamentos de um outro e outros.

Apesar dos anos passarem, aqueles que estavam nos corredores partiram para outros corredores, sem vacilações e munidos de outros que viriam lentamente ocupar aquele lugar onde silenciosamente algumas mentes ventilavam um lampejo de mocidade, eu ganhava em essência e perdia em pureza.

E bradei lascivamente:

É ssencial para nosso entendimento, que a proposta lançada pelo autor seja reconhecida como a possibilidade de interagir de forma mais contundente com alguns aspectos metodológicos de uma práxis que contenha alternância significativa para a propositura e postura política de uma expansão de significados.

Obviamente que não serão abordados nesse momento todos os aspectos, pois sempre poderemos retomar a partir de uma avaliação mais profunda, em face das circunstâncias sócio-econômicas, culturais e hermenêuticas que doravante iremos denominar de XYZ@ no momento em que iremos retomar o embate.

No momento exato entre o pânico e pinico circulei, tangenciei e aplaudi não só as minhas, mas as outras variações com as seguintes cogitações:

1. Buscaremos entender que a possibilidade do impulso, é algo que transcende não apenas minhas condições materiais, mas o lastro espectral das correntes pulsantes das nossas novas intencionalidades...

2. Seria inevitável não tecer alguns comentários, sempre se faz mister buscar uma alternância mais sistemática...

3. O quesito da profundidade permite que possamos nos encontrar em um campo contraditório...Onde a razoabilidade e a perspicácia deparam com outras sub-condições.

4. Diante de tais aspectos é importante, mas nunca suficiente...Deixo para o final, o grande final.

5. Não se pode deixar de vislumbrar tal perspectiva, mas o horizonte no momento não é esse...Verticalizados por nossas bandeiras, agiremos de acordo com o vento.

6. Seria útil no caso em tela levantar duas hipóteses: é possível constituir alguma hipótese? Caso positivo,é possível descartá-la?Caso negativo é possível reconsiderar a questão?No caso fora da tela, já não seriam três as hipóteses?

7. Não existiam tantos sonhos aqui antigamente...Sim acordamos atordoados sem que o despertador, nos redimisse a própria dor de despertar.

Era(é) ou não uma necessidade de se constituir como um presente intenso de uma memória despedaçada por caminhos retocados de doçura?É salgado demais o mar para quem navega no mangue.

Afinal ou final de contas ninguém que pagar...chego sempre em dias como esses faltando mais de mim do que em mim, pois, não gosto de ir ou ficar, apenas gosto,vivo de e da, perco as e os...

Antes de ler cada livro, eu não lia nada?Quem me leu?Nem eu!

Vou perder algo?Queria ganhar mais...Deixar mais...O dia foi longo para a curta mensagem em um blog.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Braços - cores - adjetivos - Orixás


Orixás
Música: Chico César
Letra: Alice Ruiz
viajei por tantos mares
atravessei tantos mundos
tornei-me um deus desterrado
dentro de um outro terreiro
um a um perdi meus reinos
meus tesouros
meus assuntos
mas serei um deus guerreiro
mesmo que um navio negreiro
me leve pra outro mundo
sou oxum e iemanjá
sou os ventos de iansã
beleza, força, coragem
todas na grande viagem
vem junto obá e nanã
sou ogum e sou xangô
sou oxóssi o caçador
ferro, fogo e paciência
levados pra terra estranha
sem hoje, só, amanhã.