quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O tempo e cantando








Após minha nova experiência virtual, o tal do Twitter, tenho ficao ausente do blog. Tal situação é muito comum, até seria natural a extinção deste bloco de palavras e imagens não lidas ou vistas, porém o apego ao blog continua, com uma frequência baixa, mas perdura talvez mais que outros fotologs, my space, skydrive e outros espaços virtuais que possuí nesses quase 08 anos de acesso ao mundo virtual.

Continuo por aqui, após passar por dezenas de endereços físicos (pessoal e de trabalho), o virtual prossegue, dias e noites cortando o tempo/espaço das palavras repetidas e algumas não ditas, outras escondidas, momentos que nem eu domino, apenas existem.

Final de ano, final de tarde, voltando a trabalhar nos projetos e aulas, tantas músicas povoaram vários instantes como esse durante o ano, porém após a força "raivosa" do BNegão, encerro o ano com a sutileza "cortante" de Paulinho da Viola, do LP Mémorias Cantando de 1976...Só falta um belo choppinho no Rio de Janeiro, mas vale a foto do morro e do asfalto.

Cantando - Paulinho da Viola.
Lembra daquele tempo
Quando não existia maldade entre nós
Risos, assuntos de vento
Pequenos poemas que foram perdidos momentos depois
Hoje sabemos do sofrimento
Tendo no rosto, no peito e nas mãos umas dor conhecida
Vivemos, estamos vivendo
Lutando pra justificar nossas vidas

Cantando
Um novo sentido, uma nova alegria
Se foi desespero hoje é sabedoria
Se foi fingimento hoje é sinceridade
Lutando
Que não há sentido de outra maneira
Uma vida não é brincadeira
E só desse jeito é a felicidade

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mensagem de Boas Festas - E por uma nova visão








Nova Visão – Por Bnegão

Uma nova revelação, você sempre soube mas ainda não tinha compreendido
Uma nova humanização, a nova geração, passando de mono pra estéreo, em vários tons, é sério, é sério
O microfone, meu megafone, tome emprestado um pouco da minha energia, tem sobrando pra todos os lados
Força importante, uma força a mais pra aturar a pressão que tenta esmagar sua mente contra a parede chapiscada da ilusão
Enxergando a realidade por de trás, depois da curva
Apesar da visão turva e obscura da humanidade em geral
Miopia espiritual, pegou um, pegou geral
Dignidade, simplicidade, infelizmente se tornaram artigos de luxo na atualidade
Falta de vontade, disparidade entre discurso e atitude são maiores pilares dessa situação
Escalafobética, patética, na qual nos metemos, pela qual vivemos e morremos
Algumas vezes mais, pra aprender, reconhecer a todos como irmãos, uns mais evoluídos, outros não… mas todos com sua missão
(Refrão)
UMA NOVA VISÃO, É(4X)
O microfone, meu megafone, passando de mono pra estéreo a sua compreensão
Na real, discutir sobre o fim da violência é quase que total perda de tempo, paleativo, nem o sujeito mais socialmente ativo irá conseguir mudanças minimamente palpáveis
Praticamente apenas praticará o esporte mais popular da humanidade, jogar palavras ao léu, jogar palavras ao vento
Nada muda, enquanto não mudarem os valores na raiz de todos, eu disse todos, exploradores e explorados, violentadores e violentados, tudo é meio a meio, tudo caminha lado-a-lado
Não sei se me entende, mas o que eu digo o que a maioria, que ficasse nesse lugar faria o mesmo, quando tem uma oportunidade ou faz mesmo
Mesmo que em escala menor, microcosmo, macrocosmo, porém a intenção que movimenta a ação é sempre a mesma
Cadeia alimentar, lei da selva, o mais forte destroça, atropela, passa por cima do mais fraco
Consumismo, super valorização da matéria: o lado espiritual, ou seja, o real, ficou na miséria, a mesma que domina e povoa o planeta terra por sinal
Competição a todo custo, vitória a qualquer custo, estilo de vida fatal, que resultou nesse fiasco, nesse insulto que é hoje a humanidade, esse fracasso
“Faça o que eu falo, não faça o que eu faço”
Eu digo, isso pra mim é o primeiro passo pro que, em bom português, se chama hipocrisia, como é no alto clero, como é em Brasília
B black bota o dedo na ferida, antes de querer que a humanidade mude, que tal mudar um pouco nosso próprio ponto de vista?
REFRÃO
Paciência sem subserviência é a combinação mais poderosa desse mundo: somos realmente uma coisa só
O efeito bumerangue taí, provando, levando e trazendo o que há de melhor e pior
Plantamos e colhemos em outros cantos e aqui mesmo, portanto não seja dissimulado, você sabe o que está acontecendo
No centro de tudo, no centro da questão tá a preguiça, a falta de disposição pra mudar
Várias preguiças somadas e o mundo sente o efeito, mentalidade falida, morta viva, não tem jeito
Eu tô dizendo: é preciso quebrar as regras daqui, seguir as regras de lá, com confiança, sangue frio, sem se apavorar
Cada um no seu tempo, cada qual no seu caminho, estradas separadas seguindo pro mesmo objetivo. Destino ou não
Pelo menos no momento, uns mais rápidos, outros lentos, porém no subconsciente todos atentos
Formigamento ao ouvir o chamado, eu não invento nada, só transmito os recados, os fragmentos
Fábio, meu irmão, seguimos na missão, a cabeça erguida e no peito a batida que for, meu coração é exclusivo só do meu senhor
Estilo libertário, vivo nesse mundo mas não sou presidiário da matéria
Procuro me desvincular cada vez mais, desapegar, usar somente o necessário pra passar
Pois quando menos se espera, lá vem mais uma despedida do planeta terra…

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eduardo Galeano – Quatro frases que fazem o nariz do Pinóquio crescer
















Fonte da Foto: Blog do Oliveira.
Fonte do Texto: Começo a pensar que não é do Eduardo Galeano...porém...se não salva um mico leão dourado, planta uma semente na cabeça.

Eduardo Galeano – Quatro frases que fazem o nariz do Pinóquio crescer


1 – Somos todos culpados pela ruína do planeta.

A saúde do mundo está feito um caco. ‘Somos todos responsáveis’, clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade. Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao ‘sacrifício de todos’ nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras – inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio – não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam.. Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20 por cento da humanidade cometem 80 por cento das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, “faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades.” Uma experiência impossível.

Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.



2 – É verde aquilo que se pinta de verde.

Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. “Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas”, esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.

Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: “os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro.” O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência disporá de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente. O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete. A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.



3 – Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.

Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas... As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco 92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.

No grande baile-de-máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.

A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil. Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.



4 – A natureza está fora de nós.

Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as órdens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: “Honrarás a natureza, da qual tu és parte.” Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo. Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão. Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer assassinada. Já não se fala de submeter a natureza. Agora, até os seus verdugos dizem que é necessário protegê-la. Mas, num ou noutro caso, natureza submetida e natureza protegida, ela está fora de nós. A civilização, que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem, enquanto o mundo, labirinto sem centro, dedica-se a romper seu próprio céu.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Apocalipse agora - por Frei Betto









Apocalipse agora
(correio da cidadania)
Escrito por Frei Betto

O fim do mundo sempre me pareceu algo muito longínquo. Até um contra-senso. Deus haveria de destruir sua Criação? Hoje me convenço de que Deus nem precisa mais pensar em novo dilúvio. O próprio ser humano começou a provocá-lo, através da degradação da natureza.


Os bens da Terra tornaram-se posse privada de empresas e oligopólios. A causa de 4 bilhões de seres humanos viverem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecerem fome, é uma só: toda essa gente foi impedida de acesso à terra, à água, à semente, às novas técnicas de cultivo e aos  sistemas de comercialização de produtos.
A decisão dos EUA e da China de ignorarem a Conferência de Copenhague sobre Mudanças Climáticas torna mais agônico o grito da Terra. Os dois países são os principais emissores de CO2 na atmosfera. São os grandes culpados pelo aquecimento global. Ao decidirem boicotar Copenhague e adiar o compromisso de reduzirem suas emissões, eles abreviam a agonia do planeta.


Felizmente, a 25 de novembro o presidente Obama, sob forte pressão, voltou atrás e desdisse o que falara em Pequim. Os EUA, responsáveis por 23% das emissões mundiais de CO2, prometerão em Copenhague reduzir, até 2020, 17% das emissões de gases de efeito estufa; 30% até 2025; e 42% até 2030.


Por que o recuo? Além da pressão dos ecologistas, Obama deu-se conta de que ficaria mal na foto ignorar Copenhague e comparecer em Oslo, dia 10 de dezembro – quando se comemora o 61º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos – para receber o prêmio Nobel da Paz. Portanto, na véspera estará na capital da Dinamarca.
Curioso, todos os prêmios Nobel são entregues em Estocolmo, exceto o da Paz. Por uma simples e cínica razão: a fortuna da Fundação Nobel, sediada na Suécia, resulta da herança do inventor da dinamite, Alfred Nobel (1833-1896), utilizada como explosivo em guerras. Como não teve filhos, Nobel destinou os lucros obtidos por sua patente a quem se destacar em determinadas áreas do saber.


Há uma lógica atrás da posição ‘ecocida’ dos EUA e da China. São dois países capitalistas. O primeiro abraça o capitalismo de mercado; o segundo o de Estado. Ambos coincidem no objetivo maior: a lucratividade, não a sustentabilidade.


O capitalismo, como sistema, não tem solução para a crise ecológica. Sabe que medidas de efeito haverão de redundar inevitavelmente na redução dos lucros, do crescimento do PIB, da acumulação de riquezas.


Se vivesse hoje, Marx haveria de admitir que a crise do capitalismo já não resulta das contradições das forças produtivas. Resulta do projeto tecnocientífico que beneficia quase que exclusivamente apenas 20% da população mundial. Esse projeto respalda-se numa visão de qualidade de vida que coincide com a opulência e o luxo. Sua lógica se resume a "consumo, logo existo". Como dizia Gandhi, "a Terra satisfaz as necessidades de todos, menos a voracidade dos consumistas".


Exemplo disso é a recente crise financeira. Diante da ameaça de quebra dos bancos, como reagiram os governos das nações ricas? Abasteceram de recursos as famílias inadimplentes, possibilitando-as de conservar suas casas? Nada disso. Canalizaram fortunas – um total de US$ 18 trilhões - para os bancos responsáveis pela crise. Eduardo Galeano chegou a pensar em lançar a campanha "Adote um banqueiro", tal o desespero no setor.


O planeta em que vivemos já atingiu os seus limites físicos. Por enquanto não há como buscar recursos fora dele. O jeito é preservar o que ainda não foi totalmente destruído pela ganância humana, como as fontes de água potável, e tentar recuperar o que for possível através da despoluição de rios e mares e do reflorestamento de áreas desmatadas.


Ecologia vem do grego "oikos", significa casa, e "logos", conhecimento. Portanto, é a ciência que estuda as condições da natureza e as relações entre tudo que existe - pois tudo que existe co-existe, pré-existe e subsiste. A ecologia trata, pois, das conexões entre os organismos vivos, como plantas e animais (incluindo homens e mulheres), e o seu meio ambiente.


Essa visão de interdependência entre todos os seres da natureza foi perdida pelo capitalismo. Nisso ajudou uma interpretação equivocada da Bíblia - a idéia de que Deus criou tudo e, por fim, entregou aos seres humanos para que "dominassem" a Terra. Esse domínio virou sinônimo de espoliação, estupro, exploração. Os rios foram poluídos; os mares, contaminados; o ar que respiramos, envenenado.


Agora, corremos contra o relógio do tempo. O Apocalipse desponta no horizonte e só há uma maneira de evitá-lo: passar do paradigma de lucratividade para o da sustentabilidade.


Frei Betto é escritor, autor do romance "Um homem chamado Jesus", lançamento da editora Rocco para o Natal 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dia 11 de Dezembro: Direitos Humanos em debate e ações na OAB/PB.

Dia 11 de Dezembro: Direitos Humanos em debate e ações na OAB/PB.

Relatórios, denúncias, recomendações e devolução de relatório acerca de diligência sobre violência institucional marcam semana dos Direitos Humanos na Paraíba.


No próximo dia 11 de dezembro (sexta-feira), na sede da OAB/PB, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados realizará a devolutiva de diligências na PB em face das inúmeras denúncias de violência institucional, com a finalidade de avaliar o quadro de violência na Paraíba, ouvindo a população, entidades de Direitos Humanos e Movimentos Sociais, visando colaborar na busca de soluções para seu equacionamento.

Nesses mesmos dia e local, será apresentado um Relatório sobre a situação dos direitos humanos na Paraíba, elaborado pela Sociedade Civil Organizada com atuação nas demandas que envolvem: Questão Agrária, Violência contra mulher, Homofobia e crimes homofóbicos, situação dos/as defensores/as de direitos humanos, temática da criança e do/a adolescente, Direito à Saúde,Quilombos e indígenas da Paraíba, Violência nos presídios, entre outros temas complementares e transversais.

O presente relatório da sociedade civil será encaminhado para OEA (Organização dos Estados Americanos) e demais autoridades do Estado (municipal, estadual e federal). Cabe lembrar que, no ano de 2003, o Estado da Paraíba foi tema de uma audiência na OEA, a única até hoje que tratou especificamente de um ente federado.

Dentre essas atividades, o Conselho Estadual de Direitos do Homem e do Cidadão apresentará alguns casos, recomendações, ofícios e visitas realizadas no ano de 2009, destacando a atuação em face dos problemas elencados durante o corrente ano no sistema carcerário e a situação da Fazenda Quirino.

A Comissão de Direitos Humanos da UFPB enquanto integrante do Conselho Estadual, partícipe das diligências realizadas na PB pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, e alinhada com as demandas apresentadas pela Sociedade estará presente no evento, apontando possibilidades de interação com a sociedade civil e autoridades do Estado na realização de cursos, convênios, debates sobre programas, seminários temáticos e outras formas de sensibilização para a temática dos Direitos Humanos. Aproveita-se, a época, para tratar do tema, uma vez que teremos o lançamento do 3˚ Plano Nacional de Direitos Humanos no âmbito nacional e, na perspectiva internacional, temos, na data 10 de dezembro de 1948, o marco de aniversário da Declaração Universal de Direitos Humanos.


Data: dia 11 de dezembro às 10h
Local: auditório da sede da OAB/PB

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Defensoria Pública PB











Recebi essa carta por listas da internet, não diz o autor ou autores, apenas o sítio da OAB enquanto referência, não quero entrar nessa discussão atravessando possíveis interesses políticos que estão sempre em cena nas relações do Executivo, porém é fático comprovar que a Defensoria Pública da Paraíba, independente do Governante não possuí condições estruturais, de pessoal e até de capacitação do seu atual quadro.

Fico preocupado com a situação da Defensoria Pública, principalmente porque nas últimas semanas venho acompanhando as Defensorias Públicas nos Estados do Ceará e Bahia, dinâmicas que compatilho, pois impressionam as posições autônomas e de engajamento social destas Defensorias, obviamente nesses Estados, foram impulsionados concursos públicos (situação que pelo menos não recordo ter acontecido na PB nos últimos 15 anos) e também a bendita equiparação salarial com outros cargos indispensáveis ao funcionamento da Justiça.

Cabe ao Executivo compreender com maior abrangência o papel das Defensorias Públicas, estas são capazes de produzir em meio tempo um novo diálogo da sociedade com o judiciário em suas demandas por acesso a direitos individuais ou coletivos.

Enquanto advogado popular que atuava em dimensões de conflitos coletivos e articulação de movimentos sociais, via a necessidade do funcionamento adequado das defensorias públicas em milhares de casos que acontecem diariamente no cotidiano das pessoas, certo que existem outras dimensões para solução de conflitos, mas no momento apenas cito a defensoria pública, pois o texto que segue dialoga exatamente com essa temática.


Porque o governo Maranhão desrespeita os Defensores Públicos?
Em Carta Aberta

Primeiramente espero que V. Exa. atente ao substantivo e não desconfie de suposta pândega panfletária, nem se curve ao sopro dos fariseus de plantão que pululam ao vosso redor.

Há cerca de 2 (dois) meses nós os advogados do povo estamos sendo maltratados impiedosamente, em virtude do governo de V. Exa., insistir em manter a maior desatenção a que se tem noticia reservada à uma categoria. A desatenção vem de V. Exa., chefe do poder executivo estadual referente às reivindicações salariais da categoria dos defensores públicos desse nosso estado os quais se encontram em greve.

Quando em exercício no senado, V. Exa., foi de nós paladino e culpava o governante anterior pela forma como ele tratava a nossa categoria. E, prometia V. Excia. que quando recuperasse o governo nos trataria de forma digna e honesta.

Hoje, para nossa decepção nos perguntamos: mudou o mundo ou V. Exa.? Eis que lançados foram ao esquecimento as vossas promessas e os vossos calorosos discursos. Em quem mais confiar governador José Maranhão?

Em quem mais conceder crédito, se V. Exa. incorporou para pior o figurino do governo de antanho? Hoje V. Excia se nos apresenta com uma outra face, Sr. Governador, não a face do Dr. Jekyll, V. Exa. transmudou-se em Mr. Hyde, como a incorporar a personagem do célebre livro de Robert Louis Stevenson, O Médico e o Monstro.

A Defensoria Pública, advocacia solidária com missão constitucional não detém a atenção de V. Exa., Sr. Governador, que não reserva espaço para recebê-la, ouvi-la e atende-la em suas reivindicações.

É lamentável que V. Exa. não nos reserve inserção no seu atual plano administrativo de Governo. E, agindo assim, V. Exa., revela em sua prática não ser portador de democracia, seja em sua filosofia, na sua cultura e na sua formação, pois se assim o fosse, saberia V. Exa. que só uma plataforma de trabalho com a implantação de metas de apoio às reivindicações de salariais e estruturais de nossos defensores se traduziria em Justiça – sobretudo em ganhos sociais. Do contrário não há que se falar de democracia.

E o pior de tudo isso é que V. Exa. sabe disso e se omite, se faz de desentendido e se conduz da forma a mais desdenhosa, lançando sombras sobre sua biografia. Logo V. Exa., que diz ter lutado contra a ditadura militar a qual lançou trevas sobre o Brasil de 1964-1985!

Esse apego de V. Excia. em desprestigiar a defensoria pública de forma imotivada, injusta e injustificada, sem retribuição financeira adequada aos seus quadros integrantes lança pesadas nuvens sob os céus da Instituição.

Entende-se que só aquele que entende o que é dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho, necessidades básicas, democracia, solidariedade, humanismo, respeito, valorização da vida, é que poderiam perceber a importância de nossa defensoria. E, esse não parece ser no presente o caso de V. Exa. que se põe em terreno antagônico à nossa defensoria e seus defensores.
Estaria V. Exa., a de mercê de um estágio de já avançada decrepitude a turvar vossa lucidez a exemplo do Rei Lear de William Shakespeare?

E, como o Rei Lear sendo vitima do chamado “bloqueio do pensamento”, a impedir V. Exa. de buscar a verdade, o entendimento e o diálogo?
Estaria V. Exa., a exemplo do provecto Rei Lear sendo vítima da "cerimônia adulatória" criada pelos seus áulicos? É fato que “A fragilidade humana faz com que a velhice não traga, obrigatoriamente, a sabedoria ou o aprendizado pela experiência.” Frase do Rei Lear de Shakespeare.

Se esse é o caso, que se cuide V. Exa., dos bajuladores de plantão que o rodeiam e se persistir a “doença” busque algum discípulo do “Dr. Sigmund Freud” ou algum profissional especialista em “psicose geriátrica”, pois os elogios que ouve V. Exa. são apenas proporcionais à posição que V. Exa. ocupa, sem nenhuma relação com seus méritos. Como diria o Rei Lear de Shakespeare: “ (...) até um vira-lata é obedecido quando ocupa um cargo." (p.113).

Se V. Exa., não estivesse tão absorto em ouvir vossos aduladores, atentaria para o que René Ariel Dotti afirmou em seu artigo A saga da Defensoria: “Realmente, não é possível conceber o Estado Democrático de Direito sem respeitar a cidadania e a dignidade da pessoa humana que constituem, ao lado da soberania, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do pluralismo político, os fundamentos da República brasileira”.

Atentaria igualmente para as palavras com que o Supremo Tribunal Federal recepcionou a nossa defensoria, através das sábias palavras do Ministro Celso de Mello o qual definiu o papel da Defensoria Pública dentro do sistema jurídico brasileiro, como: “vital à orientação jurídica e à defesa das pessoas desassistidas e necessitadas”. E, adiante complementou aquele Ministro: “... impõe que se façam algumas considerações prévias em torno da significativa importância de que se reveste, em nosso sistema normativo, e nos planos jurídico, político e social, a Defensoria Pública, elevada à dignidade constitucional de instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, e reconhecida como instrumento vital à orientação jurídica e à defesa das pessoas desassistidas e necessitadas”.

A inércia do Poder Público quanto à prestação da Justiça às classes menos favorecidas, foi criticada: “Não se pode perder de perspectiva que a frustração do acesso ao aparelho judiciário do Estado, motivada pela injusta omissão do Poder Público — que, sem razão, deixa de adimplir o dever de conferir expressão concreta à norma constitucional que assegura, aos necessitados, o direito à orientação jurídica e à assistência judiciária —, culmina por gerar situação socialmente intolerável e juridicamente inaceitável”.

Afirmou igualmente aquele Ministro também ser necessário iniciativas mais eficientes no sentido de atender às justas reivindicações da sociedade civil que exige do Estado “nada mais senão o simples e puro cumprimento integral do dever que lhe impôs o artigo. 134 da Constituição da República”.


O artigo 134 tem a seguinte redação: “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV”.

Portanto Exa. ouça a voz da razão e não a voz dos áulicos fariseus ao seu redor e, contemple a Defensoria Pública em todas as suas reivindicações. Sabe V. Exa. que sob a cabeça dos homens públicos e autoridades exercita-se o sabre do julgamento da história cuja lâmina é afiada pelo tempo.

Acorde Exa., arranque dos seus olhos essa tarja escura que os áulicos, os fariseus, e os puxa-sacos puseram sobre os vossos olhos e retire dos vossos ombros o manto sibarita dessa “corte de Baltazar”onde V. Exa., sob aplausos e falsos elogios impera e pontifica como o seu “bobo alegre”.
Desça à terra governador, observe de perto os nossos defensores e retire da terra qual Anteu a energia necessária às lúcidas ações em favor da nossa população necessitada de justiça e defesa atendendo ao reclamo dos seus defensores.

Em O Livro dos Médiuns, no capítulo VIII, o Codificador Allan Kardec nos fala dos Espíritos errantes, daqueles seres extras corpóreos que desencarnaram na Terra e aguardam na estação do tempo uma nova encarnação, em longa e extenuante espera.
Esperamos que V. Exa. não tenha, após o vosso desencarne, o suplicio da tão angustiante espera que hoje nós defensores públicos nos encontramos penosamente a experimentar.
E lembre-se sempre Sr. governador, que: "Os homens semeiam na terra o que colherão na vida futura e espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza.” As quais servem para a nossa evolução ou para a nossa irremediável ruína."


Obs: publicado no site da OAB/PB