domingo, 18 de outubro de 2009

O dia 15 - Dia dos/as Professores/as







Um boa reflexão, não apenas para o profissional, mas essencialmente para cada ser humano que sente a necessidade de participar de processos históricos e coletivos no em prol da emancipação social.
Agradeço a todos/as as professores/as das lutas sociais, acadêmicas, políticas, jurídicas e outras dimensões que me conduzem diariamente no trabalho que escolhi abraçar.

"Educar não é carregar o povo, mas permitir que ele descubra sua força e construa seu próprio caminho"
Neste ano, em que comemoramos 100 anos de Dom Helder, perguntávamos-nos como gostaria o Dom de ser lembrado por nós. Esse homem tão verdadeiro, tão radicalmente terno, capaz de amar a diversidade e abraçar a adversidade.
Um Homem cheio de vontade de aprender e senso de justiça, que só podia mesmo ser um DOM, um presente para esse povo nordestino. Um Homem encontrando-se entre as palafitas e caranguejos, entre os maracatus e cantos marianos, entre pessoas tão diferentes, ouvindo-as e acatando seus conselhos.
Não queria seguidores, mas sempre quis compartilhar o que via, sentia, fazia, convocando para a partilha do que não estava na mesa, mas era de todos/as. Então, nos damos conta de sua Pedagogia, seu rigor e amorosidade, sua profunda crença na vida e no povo. Um educador impulsivo, recorrente, capaz de sonhar e abraçar sonhos possíveis.
Assim, vamos perguntando, quem é o educador, educadora? Quem é o professor/a? O que ele professa? Em que ele acredita? Como ensina e como aprende? Quem se forma? Quem ele/ela forma?
Olhando este mundo poluído e surdo, globalizando a pressa e o esquecimento, a homogeneidade e o descarte, nos damos conta de como precisamos delas e deles, dos professores, das professoras!
De como segue incômoda a Pedagogia do Oprimido, e o convite de FREIRE para desnudar a realidade, a pôr-se em dialogo com ela, desnaturalizando o saber, a dor, a opressão, a realidade, em suas tantas relações e formas.
Como precisamos delas e deles! De Dona Moça, com sua reza e seu frevo, sua disciplina e entusiasmo. Presença solidária e firme, mulher mais linda que já conheci; de Gibinha, fazendo arte e cobrando rigor, na escola pública, no sertão do Araripe, com quem muito aprendemos. Aprendemos que mundo e Raimundo é uma rima, não uma solução...
De Elizabeth Teixeira, professora, lutadora camponesa, com sua práxis dolorosa, mas sempre em marcha, na mesma luta, no mesmo sonho onde tombou seu amor, mas não a impediu de segurar na mão de outros para ler o tempo do silencio e escrever a vida sem perder a direção do caminho.
As Professoras, professores: artistas, guerreiras/os, incômodas/os... Profetas de que tempo?
Precisamos seguir ouvindo o grito de Ir. Dorothy, grito de sementes que se perdem para o comércio da morte, de leis incapazes e poderes embriagados; Grito da terra, da mata, das águas..., pela boca de alguém que não era deste chão... Grito de quem se fez irmã, dos povos invisíveis, de povos em resistência.
Mulheres e homens feitos de outra matéria, como Vitalino, cuja ética e beleza dão forma até hoje ao Alto do Moura; Como Anísio Teixeira e Josué de Castro, com seus olhos atentos aos povos que misturados com a lama, que entranhados nas roças e nos rincões, são gente cavando o direito de viver.
Precisamos seguir transgredindo, ocupando nosso espaço, abrindo passagem para o novo, ainda que isso nos traga dor. Criar possibilidades, ousar a novidade e a pureza de acreditar no ser humano, seguir entrando em cena com Augusto Boal, e a estética do oprimido, construindo o fórum das mudanças possíveis.
Como Makarenko, apostando na coletividade, como Che, estudando, durante a exaustão da Batalha, como os jovens brigadistas Nicaragüenses, do exército popular de alfabetizadores, que durante o ano de 1980, entregaram-se ao dever prazeroso de subir as montanhas, de atravessar o país, construindo Saberes, ressignificando o tempo, construindo novas identidades, identidades em pleno movimento.
Como é necessário recorrer a eles e elas, para (re) encontrar a mística de sermos educadores/as, em um tempo onde o avanço tecnológico, a ampliação da fronteiras de comunicação, não servem para humanizar, mas para condicionar, mercantilizar, mecanizar os homens e mulheres.
Assim, reafirmamos nosso respeito e comemoramos tantos e tantas, com os quais aprendemos a ser o que somos. Aos educadores e educadoras Comprometidos deste país, deste continente, e deste tempo histórico que irmana gente de boa vontade, que não se permite perder o brio e o brilho, nem se prende por fronteiras, culturas ou títulos.
Nossa homenagem especial aos que fazem de suas vidas, de seu trabalho, espaço de encontro e libertação. Porque encontrar-se, é reconhecer-se no espelho, no espaço da vida do outro, e somar com ele, ensaiar, provocar reação, mudar juntos.
Não sabemos muito, mas queremos aprender, aprender mais de perto, com os educadores /as que escolheram estar no campo, nos presídios, nos acampamentos e assentamentos, nos hospitais, nos lixões, nos lugares que nem sempre aprecem nos mapas, nem nos índices de desempenho. Pois entenderam que ensinar exige alma, para superar as distâncias criadas entre o direito e o povo brasileiro.
* Ana Claudia Pessoa é do Coletivo de Formadores e formadoras da Comissão Pastoral da Terra - PE

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu tinha perdido o endereço do teu blog! Achei e adicionei aqui no computador para ler de vez em quando. =]

Achei muito bonito o texto, eu fui lendo e fui me lembrando de todas as pessoas lindas que conheci nessas poucas andaças pelo mundo e como me ensinaram muita coisa, com o olhar, com as palavras e até mesmo com o silencio.

Valeu Eduardo.

A gente se encontra por ai, ali, aqui!